Remo perde para o Brasiliense por 2 a 1
O cenário estava desenhado para uma grande tarde. De volta a Belém, o Clube do Remo reencontrou o calor de sua torcida que, com mais de 20 mil pessoas presente, empurrou até o fim seu time.
A grande incógnita, na forma do estreante Jadílson, se revelou uma boa solução para os problemas no lado esquerdo, mas alguma coisa estava desafinando. Entrando em campo confuso, o Leão permitiu que o retrancado Brasiliense-DF abrisse a vantagem e garantisse a vitória por 2 a 1, com gols de Felipe e Rodrigo Andrade, para os visitantes, e Val Barreto, para os donos da casa, no jogo de ida das oitavas de final da Série D do Campeonato Brasileiro.
Agora, para conseguir a classificação, o time remista precisa vencer por dois gols de diferença na volta, em Taguatinga.
O Remo começou a partida de forma perdida, zonza. Com um confuso esquema tático, com três atacantes, o lateral Jadílson jogando como meia e o volante Dadá jogando quase como um zagueiro, um grande buraco se formou no meio campo azulino, permitindo que o Brasiliense, mesmo com uma postura bastante defensiva, chegasse com facilidade ao ataque.
Foi assim o time abriu o placar. Após uma cobrança de escanteio, Rodrigo Andrade testou e no rebote de Fabiano o zagueiro Felipe mandou para o fundo das redes, aos 16 minutos. O gol deixou o Leão ainda mais perdido, subindo de forma desorganizada ao ataque e abrindo brechas na defesa. Em uma delas, Claudecir, de calcanhar, encontrou Rodrigo Andrade sem marcação. O meia escolheu o canto e fuzilou, aos 33, sob vaias.
Ainda no final do primeiro tempo, o técnico Roberto Fernandes inverteu as posições de Roni e Leandro Cearense e o time passou a jogar bem melhor perdendo duas chances claras com o centroavante, que cabeceou na trave uma bola quase dentro do gol, e Roni, que chutou na zaga uma bola em que o goleiro Edson estava perdido.
Na segunda etapa, com mudanças táticas e Ratinho na vaga de Danilo Rios, o Leão passou a jogar com a bola sempre próxima da grande área do Brasiliense. Aos 22 minutos, num cruzamento da linha de fundo, Levy encontrou Val Barreto no meio dos zagueiros que testou sem chances para o goleiro, aos 22 minutos. A reação, no entanto, parou aí e o Brasiliense segurou a vitória até o fim.
Time precisa se vestir de macho, diz vice
Após a partida, o vice-presidente remista, Marco Antônio Pina, comentou o resultado. “Muito triste, evidentemente. Sonhamos com outro cenário pós jogo, pois perder em casa, num jogo eliminatório, onde não se pode sofrer gols, complica muito a situação. Mas o segundo jogo está aí e mais do que nunca o time vai precisar se vestir de macho e arrancar esse resultado fora de Belém”, avisa o dirigente.
O vice-presidente também lamentou a atuação do árbitro pernambucano Nielson Nogueira Dias, que teria deixado de marcar duas penalidades para o Remo. Na primeira, com um lance de mão na bola, logo no começo do segundo tempo, e a outra com Marcinho sendo derrubado dentro da área, aos 43 minutos. “Na minha humilde opinião, vi dois pênaltis não marcados. Eu faria uma representação na comissão de arbitragem, mas é uma decisão que não cabe só a mim tomar”, explicou.
O gol marcado fora de casa a partir da primeira fase de mata-mata da Série D tem o mesmo peso da Copa do Brasil. Por ter feito dois gols como visitante, até uma derrota por 1 a 0 classifica o Brasiliense-DF. Se o Leão vencer por 2 a 1, a disputa vai para os pênaltis e derrotas por mais de um gol classificam o Remo. O Leão pode se classificar com uma vantagem de apenas um gol, desde que marque acima de três.
Técnico dá méritos ao adversário
Ao final da partida, o sentimento entre os torcedores do Remo era de revolta, e entre os atletas de decepção. “Criamos várias chances a partir do final do primeiro tempo, mas não fomos felizes. Eles, em dois lances, foram lá e conseguiram”, lamentou o atacante Roni.
O técnico Roberto Fernandes reconheceu os méritos do adversário, que dentro da sua proposta de jogo soube usar a experiência para garantir a vitória. “Ninguém queria ou sonhava com esse resultado, mas sabíamos que estávamos enfrentando uma das melhores equipes da competição”, elogiou Fernandes.
O treinador disse que seus jogadores sentiram muito a parte emocional. “Num jogo contra equipes pequenas, dificilmente o meu time tomaria aquele segundo gol. Tivemos quatro chances de dar um chutão, não demos e a bola sobrou para o adversário que fez o gol. Temos que jogar como time grande com a bola nos pés, mas sem ela, na defesa, temos que jogar como qualquer time. O Brasiliense deu quatro ou cinco chutões durante o jogo”, comparou o técnico.
De acordo com Roberto Fernandes, a opção por três atacantes foi uma forma de enfrentar a alta estatura adversária, colocando um atacante para ajudar a defender a bola pelo alto. “Talvez eu jogue com três atacantes (na volta), mas com certeza não serão dois fixos na área. O jogo de Brasília tem outras características, pede mais um meio campo atacante do que um meio campo articulador e temos várias opções de meias atacantes no elenco. Vamos começar a testar as opções durante a semana” avaliou o técnico.
Brasiliense não mudou o estilo
Em sua avaliação logo ao final da partida, o técnico do Brasiliense, Marcos Soares, mostrou uma postura bastante humilde e respeitosa com seu adversário. “Antes de mais nada, fico feliz de termos conquistado essa vitória. Vencer o Remo aqui em Belém é para poucos. A torcida é maravilhosa e faz pressão o tempo todo. É uma torcida que nós, infelizmente, não temos lá em Brasília”, comentou o treinador.
Sobre a partida, o técnico fez uma leitura precisa do jogo do adversário. “Procuramos fazer um combate mais forte em cima do Jadílson e do Roni, que imaginávamos que seriam as principais saídas para o ataque do time do Remo. Apesar de destacar a marcação sobre certos jogadores, jogamos do mesmo jeito que temos jogado toda a Série D. Não existe dentro ou fora de casa, nos portamos do mesmo jeito desde a primeira partida, fora de casa, contra o Villa Nova de Nova”.
Marcos acredita que seu time deixou de render mais pela adaptação ao clima da capital paraense, bem diferente do que eles estavam habituados a jogar. “Lá em Brasília faz calor, mas a temperatura é de 27 graus e o ar é seco. A umidade alta do ar deixou meu time muito desgastado no fim, então acredito que foi um ótimo resultado, especialmente sob essas situações, e esperamos ter uma atuação melhor no jogo de volta”, disse o treinador.
Fonte: Diário do Pará
Nenhum comentário
Postar um comentário