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Frases da eleição - Os destaques do dia na reta final da campanha

Marina defende política econômica sem aventura e sem desperdícios


Candidata do PSB quer órgão para verificar gasto e dar transparência fiscal. No Bom Dia Brasil, ela falou de subsídios, agronegócio e negou fragilidade.

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou que, para a economia brasileira voltar a crescer com baixa inflação, é necessário um governo que não vá se "aventurar" na política econômica e corte gastos que geram "desperdício" de recursos públicos. Só assim o país teria credibilidade para atrair investimentos, disse a candidata em entrevista realizada nesta quarta e exibida nesta quinta-feira (25) no Bom Dia Brasil.

(Veja a íntegra e leia a transcrição da entrevista de Marina Silva ao Bom Dia Brasil)

"Nós vamos fazer com que o Brasil volte a crescer. Uma boa parte do capital que o Brasil precisa não é tangível, é intangível. É confiança, credibilidade, respeito a contrato, criar um ambiente que favoreça os investidores a voltar a investir no Brasil. Isso só será possível com um governo que tenha legitimidade e que, de antemão, estabeleça o seguinte: nós não vamos nos aventurar em política econômica, não vamos inventar a roda", afirmou Marina.

A candidata disse que a política econômica vinha dando certo desde o governo de Itamar Franco, passando pelas gestões de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi interrompida por Dilma Rousseff, que, segundo ela, "se aventurou". "Agora nós temos o nosso país com baixa credibilidade, pouco investimento, juros altos que favorecem o baixo investimento".

Marina disse ter compromisso com o chamado "tripé econômico", receita criada na década de 90 que combina responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e regime de metas de inflação. Ela também propôs a criação de um "conselho de responsabilidade fiscal", novo órgão que teria independência para verificar as contas do governo e dar mais transparência aos gastos públicos, de modo a evitar a "ineficiência" e o "desperdício".

"Nós temos um compromisso de que nós não vamos elevar o gasto público acima do crescimento do PIB e o conselho de responsabilidade fiscal tem que fazer com que o governo dê conta dos investimentos estratégicos na área social e, ao mesmo tempo, não vá pelo caminho da ineficiência, que é o que acontece hoje. Hoje o governo gasta de forma ineficiente. Você tem projetos que começam com R$ 6 bilhões, vão sendo reajustados para 10, 20, 30... E, se nós tivéssemos um conselho de responsabilidade fiscal, o governo seria cobrado para evitar este tipo de desperdício", afirmou.

Hoje o Tribunal de Contas da União já é responsável por fiscalizar os gastos do governo. Segundo Marina, o papel do conselho vai ser complementar ao do TCU, para evitar o que ela chamou de "contas criativas" do governo e gastos desnecessário. "Existe o Tribunal de Contas, mas nós não temos outros conselhos que nos ajudem em relação a dar eficiência às ações do governo. Nesse caso, nós já estamos com as contas que são criativas, que são maquiadas, que o céu é o limite", concluiu a candidata.

Questionada sobre a inflação, Marina disse que manterá a meta em 4,5% ao ano, e não uma diminuição deste patamar, como havia proposto Eduardo Campos, que era o candidato do PSB até agosto, quando morreu num acidente aéreo. Indagada sobre o que faria com os preços regulados pelo governo, como energia e gasolina, a candidata disse que Dilma deveria resolver a questão.

Segundo ela, a presidente está “manipulando os preços administrados para ter bons resultados no que concerne a inflação – e mesmo assim ela está alta – para ganhar dividendos políticos”.

Terceirização

A candidata do PSB também falou que, se for eleita, irá buscar meios para regulamentar o trabalho de funcionários terceirizados no Brasil. Marina defendeu durante a entrevista que esta medida seria um meio para reduzir o número de trabalhadores informais no país. Segundo ela, atualmente, há cerca de 20 milhões de brasileiros que "estão na informalidade".

A proposta de Marina apresentada no Bom Dia Brasil se baseia na regulamentação das chamadas atividades meio, aquelas que não têm relação direta com a atividade principal das empresas, mas que desempenham importante papel no funcionamento delas.

Um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, que pretende regulamentar a terceirização, tem vários pontos polêmicos, que geraram divergências entre patrões e empregados e levaram sindicalistas a protestar em frente ao prédio Legislativo no ano passado. Um dos trechos polêmicos é a discussão sobre se a terceirização deve ser autorizada para todas as atividades das empresas ou se apenas para trabalhos secundários, as chamadas atividade-meio.

Outro ponto que tem sofrido críticas, inclusive do Ministério Público do Trabalho, é o que define se a responsabilidade da empresa contratante em relação às obrigações trabalhistas deve ser solidária ou subsidiária.

"No governo do Fernando Henrique, ele fez o processo de terceirização para as atividades meio, o governo do PT manteve. Existe uma lei que faz essa regulamentação, mas nem todos os trabalhadores têm os seus direitos assegurados. E nem todas as empresas se sentem seguras com a forma como esse processo foi estabelecido", disse Marina ao Bom Dia Brasil.

Para ela, a eventual atualização das regras dos trabalhadores terceirizados buscaria "manter os direitos já conquistados e ampliar aqueles que os trabalhadores ainda precisam conquistar". Marina foi enfática ao afirmar que a atualização se daria apenas para as atividades meio que, segundo ela, ainda não dá "segurança jurídica" aos empregados e aos empregadores, diferentemente do que propõe o texto em tramitação no parlamento.

Ao ser questionada sobre se pretende mexer nas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), Marina Silva disse que não fará reformas na legislação trabalhista, mas apenas tentará buscar uma "atualização" para que direitos possam "ser criados".

"Nós achamos que há um processo complexo em relação a CLT e que se você vai mexer em tudo isso cria um problema de insegurança para os tralhadores que a duras penas conquistaram esse direito. Nós não vamos mexer na CLT", enfatizou.

"Nós queremos fazer uma atualização para que direitos possam ser criados e para que aqueles aspectos que ainda não estão sendo cumpridos adequadamente possam ser cumpridos", concluiu Marina.

Subsídios e bancos públicos

Marina foi questionada sobre o papel que os bancos públicos – BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – teriam seu governo. Ela disse que eles continuarão com finalidade social, para por exemplo financiar a agricultura e o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, negando que vá enfraquecê-los.

"O que enfraquece os bancos é pegar o dinheiro do BNDES e dar para meia dúzia de empresários; uma parte deles falida, alguns que deram, enfim, um sumiço em bilhões de reais do nosso dinheiro... Esses sim, nós vamos parar com o mau uso".

Antes, Marina também foi indagada se manteria os incentivos para setores da indústria, com redução de tributos. Ela disse que vai “qualificar” essa ajuda, de modo que o governo exija "contrapartidas" dos beneficiários.

"Há necessidade de incentivos para que a indústria e o emprego possam ser protegidos. Isso aconteceu em 2008 naquele momento de fragilidade. O problema é que a continuação do remédio mesmo quando o paciente já deveria ir se preparando para ter autonomia cria situação de dependência", afirmou.

Ela disse que vai enviar, no primeiro mês de governo, uma proposta de reforma tributária que busque justiça, transparência e simplificação no pagamento. Na questão trabalhista, disse que não vai eliminar direitos e benefícios, mas que vai ampliar a formalidade no mercado de trabalho.

Agronegócio e transgênicos

A candidata também foi questionada se tenderia a ficar ao lado de ambientalistas em detrimento da infraestrutura ou do agronegócio. Ela respondeu que as áreas não são “incompatíveis” e disse que conflitos podem ser “manejados”. “Não há esse dilema para produzir e proteger, as duas coisas são inteiramente possíveis”, disse, ao defender maior produtividade em áreas menores.

“O problema do agronegócio não é proteção do meio ambiente, não são índios e quilombolas. É a falta de infraestrutura, de hidrovias, de ferrovias, de termos estradas adequadas para o transporte, armazenagem e portos”. Ela rebateu críticas por “travar licenciamentos ambientais”, dizendo que, em sua gestão como ministra do Meio Ambiente, foram feitas aquelas “mais complexas”.

Na questão dos grãos transgênicos, Marina disse que sempre defendeu um “modelo de coexistência”, com culturas modificadas geneticamente e naturais.

Fragilidade

Marina também comentou sobre o fato de ter chorado ao falar sobre Lula após uma recente entrevista. Ela negou tratar-se de fragilidade e sim que é uma pessoa “sensível”. Atribuiu o episódio ao “pesar” de suas filhas, que se vestiam de vermelho quando crianças por simpatia ao PT e que agora não têm mais orgulho do partido.

“Ter enfrentado cinco malárias, três hepatites, uma leishmaniose, perder a mãe aos 14 anos, ter sido alfabetizada aos 16 anos,  ter passado o que eu passei, vir me dizer que isso é fragilidade e me pedir para não ter emoções, sinceramente... Já vi tantos líderes chorando e não é por isso que são mais fracos ou menos fracos”, disse, lembrando do próprio Lula, que “caiu no choro” quando tomou posse na Presidência.

“Eu sou uma pessoa sensível, mas não se pode confundir sensibilidade com fraqueza. As pessoas que não se deixam emocionar, essas sim podem ser muito fracas”, completou.


Aécio diz que PT prefere administrar a pobreza a incentivar a economia


Críticas às oponentes Dilma Rousseff e Marina Silva dominaram entrevista. Candidato do PSDB participou nesta quinta do Painel RBS em Porto Alegre.

No Rio Grande do Sul para cumprir agenda de campanha nesta quinta-feira (25), o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou a gestão de Dilma Rousseff e disse que o PT prefere administrar a pobreza a incentivar o crescimento da economia do país. Aécio participou do Painel RBS especial de eleições, entrevista promovida pelo Grupo RBS, em Porto Alegre. Depois da sabatina, o candidato segue para agenda de campanha no interior do estado.

As críticas às adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) dominaram a maior parte da entrevista. O candidato do PSDB afirmou que o governo do PT "fracassou" e que deixou um legado perverso aos brasileiros. Ele também citou o escândalo de corrupção na Petrobras e se apresentou como o candidato que lutará pela renegociação da dívida dos estados.

"Sou contra essa tentativa do PT de administrar a pobreza", afirmou, ao se referir à criação e manutenção de programas sociais. "Vamos fazer ações na área de saneamento, de apoio psicológico, social. Vamos enfrentar a pobreza, a busca da sua superação. O PT se contenta em simplesmente administrar", sustentou, logo após afirmar que manterá alguns projetos que "deram certo" na gestão petista. "Aprendi muito cedo que a boa administração é aproveitar as boas experiências e aprimorá-las. O que vem dando certo vamos manter", garantiu.

O tucano ainda mencionou escândalos de corrupção descobertos nos últimos anos e citou o mais recente episódio da Petrobras. "Expresso aqui a minha indignação. O que aconteceu com a Petrobras é o inimaginável. Quem diz isso não sou eu, é a Polícia Federal. Tem uma organização criminosa atuando no seio da maior empresa brasileira. Quero ser presidente para encerrar esse ciclo de desrespeito ao dinheiro público. Quero devolver a Petrobras aos brasileiros", afirmou.

Questionado sobre se não havia nada que destacasse durante o governo do PT, Aécio reconheceu duas questões: a mudança no discurso e na gestão econômica do governo Lula e o abandono do Fome Zero, afirmando que o programa não era compreendido.

"Lula manteve os pilares macroeconômicos que nos trouxeram até aqui. Isso foi positivo no boom econômico. Outro ponto, quando ele abandonou o Fome Zero, unificou os programas de bolsa escola, alimentação e vale gás e transformou no Bolsa Família. Para mim, o Bolsa Família é um ponto de partida. Para o PT é quase um ponto de chegada”, afirmou.

Fator previdenciário
Aécio voltou a afirmar que buscará alternativas ao fator previdenciário e negou que tenha recuado em sua proposta original.

"A nossa proposta não mudou um milímetro sequer. Eu parto do pressuposto de admitir que o fator previdenciário pune de forma extremamente violenta os aposentados. Vamos substuir por outro mecanismo que  puna menos", salientou sem, no entanto, apresentar que mecanismo seria. Vamos discutir frente a frente com as centrais sindicais", resumiu. "É possível, necessário, e é esse o meu compromisso com os aposentados brasileiros", prometeu.

Investimentos

Novamente criticando o governo do PT, o candidato do PSB acusou a gestão de Dilma de fazer mau uso das verbas públicas em obras de infraestrutura. “Não existe maior desperdício de dinheiro do governo público do que obras que começam e não terminam”, ponderou. “Nós vamos restabelecer um planejamento do Brasil. Obras licitadas serão feitas pelo preço da licitação. E não como hoje, em que as obras duplicam de preço e não são realizadas”, completou.

Quando perguntado sobre propostas específicas para o Rio Grande do Sul, Aécio sustentou que as obras anunciadas pelo PT sempre são adiadas e que as propostas de Dilma são as mesmas apresentadas há quatro anos. “As obras em andamento são prioritárias. Lamentavelmente o governo do PT teve 12 anos para estar aqui entregando a segunda ponte do Guaíba, o metrô, e as obras são sempre postergadas”, disparou. “O sonho de boa parte dos brasileiros é morar na propaganda do PT”, ironizou.

Ao fim, citou a renegociação da dívida, um dos principais temas da campanha eleitoral ao governo gaúcho. "Fui governador por oito anos e sempre defendi a renegociação da dívida dos estados. Eu próprio defendo que uma parcela do pagamento fique nos estados para investimento em áreas acordadas com a União", defendeu. "Darei prioridade absoluta a agenda da federação".

Pesquisas eleitorais

Embora em terceiro colocado nas principais pesquisas de intenção de voto, Aécio seguidamente reforça a confiança no pleito. “Estou absolutamente confiante que estarei no segundo turno. Eu tenho muita confiança que está chegando a onda da razão, onde as pessoas estão refletindo o que significa cada candidatura", observou.

E voltou a fazer críticas aos concorrentes: para ele, Dilma perdeu a capacidade de governar e Marina não as tem. "Temos uma que nos deixará de herança o crescimento baixo, inflação saindo do controle e perda da credibilidade do Brasil, na questão ética e moral. E outra candidatura que não se preparou. Agora nos percebemos que única candidatura que cresce em todas as pesquisas é a nossa", analisou.

Aécio Neves também afirmou que Marina Silva não está preparada para governar o país e  lembrou a passagem da candidata pelo PT. "A Marina esteve 24 anos no PT e agora critica. Não foram 24 horas, foram 24 anos. A Marina é muito dura com o PT. Eu posso ser porque não acredito em nada que o PT promete", disse, em seguida fazendo a analogia com um torcedor de Grêmio ou Inter que muda de time. "Governar não é você ir ao supermercado, pegar na prateleira esse produto ou aquele. Governar não é para amadores".

As críticas, entretanto, são apenas políticas, conforme o candidato do PSDB. "Cabe a mim não fazer ataques pessoais a candidatura marina, como não faço a Dilma. Meus ataques são políticos", sustentou.

Composição do governo

Aécio Neves reafirmou a proposta de redução para quase a metade do número de ministérios, atualmente em 39 e criticou a criação de partidos que, segundo ele, se beneficiam facilmente.

“Vou enxugar o estado, acabar com metade desses ministérios que estão aí. Eu não vou fazer o governo do PSDB, dos meus aliados, vou fazer o governo dos brasileiros mais qualificados”, anunciou.

Sobre ter anunciado a intenção de nomear o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como ministro da Fazenda, repetida mais de uma vez durante a sabatina, disse que o ato foi uma forma de sinalizar a equipe que formará, caso seja eleito.

“Meu anúncio foi para sinalizar a qualidade do time que nós temos. Temos hoje mais de 30 economistas que estão debruçados, para quando nós vencermos a eleição e assumirmos. Ninguém faz nada sozinho na política. Precisamos de time, de gente. Sinalizei o nível do nosso time”, explicou.

Aécio não confirmou o ministro Joaquim Barbosa como ministro da Justiça, mas fez elogios ao magistrado. “Tenho o privilégio de poder dizer que ele é meu amigo pessoal, mas ele opta nesse momento ficar longe. Temos que aguardar ano que vem. Mas quero dizer que o ministro Joaquim Barbosa prestou enorme contribuição ao Brasil de acabar com essa sensação que tínhamos e ainda temos em parte de que cadeia no Brasil é só pra pobre e preto”, disparou, sobre a condenação aos envolvidos no esquema do mensalão.
Fim da reeleição

O tucano disse também defender o fim da reeleição, com a fixação de mandatos de cinco anos. “Propus o fim da reeleição e mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos. Defendo o voto distrital misto e defendo com muito vigor pela minha experiência que não se governa com esse número de partidos que temos hoje”, alfinetou.

“Nessa eleição estão disputando 32 partidos. Quatro partidos estão com seu processo em aprovação no TSE. Na verdade, isso virou um mercado. Tem que ser ter coragem pra enfrentar isso. Vejo com muita preocupação a posição da candidata Marina de criar mais um partido”, voltou a criticar a candidata do PSB. “Não sou contra registar partido, mas para ter os benefícios, precisa ser mais do que um conjunto de amigos se reunindo”, ironizou.

Durante cerca de uma hora, o presidenciável tucano respondeu a perguntas dos jornalistas Rosane de Oliveira, Carolina Bahia e Moacir Pereira. A sabatina foi dividida em dois blocos. O ex-governador foi o quarto entrevistado da série de painéis do Grupo RBS com os presidenciáveis. Dilma Rousseff foi a primeira a ser sabatinada. Luciana Genro e Marina Silva participaram na sequência.

Mais cedo, em entrevista coletiva a jornalistas em um hotel em Porto Alegre, o candidato prometeu novamente encontrar alternativa para o fator previdenciário, porque, segundo ele o trabalhador está perdendo a capacidade de compra. “Temos um desafio: resgatar a confiança do Brasil. Para sair do buraco tem que parar de cavar”, declarou.

Aécio defendeu ainda que a proposta da sua coligação é a única que tem capacidade para gerar confiança e reverter a expectativa ruim na economia. "Me preparei ao longo de toda minha vida para governar o Brasil. A única candidatura que cresce de dez dias para cá é a nossa, e vai continuar a crescer", afirmou.

Fonte: Aécio Neves, PSDB



Dilma diz que Brasil não precisa de 'choque fiscal' para cumprir superávit


Superávit primário é a economia feita para pagar juros da dívida pública. Para ela, país 'não tem crise cambial' para justificar 'ajuste fiscal profundo'.

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou nesta quinta-feira (25) que o Brasil não precisa de “choque fiscal” para cumprir a meta fiscal de superavit primário, que é a economia feita para pagar juros da dívida pública, fixada neste ano em R$ 99 bilhões para todo o setor público consolidado (governo, estados, municípios e empresas estatais).

“Nós não acreditamos em choque fiscal. Isso é uma forma incorreta de tratar a questão fiscal no Brasil”, afirmou ao participar de ato de campanha em Feira de Santana, na Bahia.
E continuou: “Vai fazer choque fiscal, vai cortar o quê? Vai cortar programa social? Vai cortar Bolsa Família? Vai cortar subsídio do Minha Casa, Minha Vida como estão dizendo? Vão fazer o quê? Choque fiscal é o quê? É um baita ajuste que se corta para pagar juros para os bancos? Não é necessário”.

Em um fórum de debate sobre infraestrutura realizado na quarta (24), Alexandre Rands, coordenador econômico do programa de governo da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afirmou que o próximo governo terá de fazer "ajuste fiscal grande" para garantir o controle da inflação.

Em seu programa de governo, Marina diz ser preciso "recuperar o tripé econômico" – que é o sistema de metas de inflação, câmbio flutuante e metas de superávit primário. Para isso, afirma que é preciso "gerar o superávit fiscal necessário para assegurar o controle da inflação".

Nesta quinta, Dilma justificou a falta de necessidade de um "ajuste fiscal profundo" porque, segundo ela, o Brasil "não está desequilibrado, não tem crise cambial".

A petista afirmou que Marina propõe "um modelo de política enconômica extremamente conservador e neoliberal", que atenderia "prioritariamente os bancos". Para Dilma, falar em ajuste fiscal profundo é "perigoso" e "eleitoreiro".

A declaração da presidente foi dada dias após o governo anunciar que, para fechar as contas, projeta resgatar R$ 3,5 bilhões do chamado Fundo Soberano - que é uma economia feita em 2008, quando houve excesso de superávit primário, e que serve como uma espécie de "colchão".

Na segunda (22), o Ministério do Planejamento divulgou o relatório de receitas e despesas do quarto bimestre com profundas alterações nas previsões de receitas e despesas para este ano. A previsão de crescimento da economia em 2014 também já havia sido revista.

No início deste mês, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia criticado o programa de governo da Marina, que, segundo ele, contém elementos que poderiam reduzir a atividade econômica.

Seca no Nordeste

Dilma aproveitou para destacar ações no combate à seca na região durante o seu governo e o de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, citando a construção de cisternas e o programa Seguro Garantia Safra, destinado aos agricultores familiares afetados pela seca.

“O Nordeste teve uma das maiores secas dos últimos tempos. Pela primeira vez, diante de uma seca destas proporções, a oferta de água se tornou uma bandeira para nós”, afirmou.

“E nós conseguimos passar por ela, com base nas políticas de proteção social, que foram capazes de garantir renda; e nas ações emergenciais, que construiu cisternas e comprou 1.600 carros-pipa”, disse, acrescentando que na sua gestão foram entregues em torno de 650 mil cisternas e mais 350 mil sob Lula.

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