Computador de estudante vítima de racismo no Pará será periciado, diz polícia

O notebook pessoal da jovem Sonia Regina Abreu, que sofreu ofensas e ameaças raciais na última quinta-feira (11) foi coletado pela Polícia Civil e deve ser periciado pelo Instituto Médico Legal no Pará. De acordo com o delegado Rodrigo Leão, a polícia também está fazendo diligências para tentar localizar a máquina que teria originado os ataques ao computador da vítima - em um e-mail enviado pelo agressor, ele diz que utilizou do computador da vítima para postar as ofensas.

Ela não relatou ter desavenças com alguém, e por isso não há informação que possa apontar autoria. Vamos descobrir o autor por meio de quebra do sigilo do IP"

Rodrigo Leão, delegado de Altamira

A estudante do campus de Altamira da UFPA relata que o agressor utilizou um perfil falso para dizer que "não há lugar para negros sujos" na cidade. O suspeito, que ainda não foi identificado, ameaçou a jovem de 27 anos dizendo que "neguinha como você a gente estupra e depois queima para não poluir o solo. Lugar de negro é na senzala ou a sete palmos", e chegou a mandar um e-mail para a jovem debochando da facilidade com que conseguiu acesso ao seu equipamento.

De acordo com o delegado Rodrigo Leão, a jovem está psicologicamente abalada, mas não sente que corre risco, apesar das ameaças. "Ela não relatou ter desavenças com alguém, e por isso não há informação que possa apontar autoria. Vamos descobrir o autor por meio de quebra do sigilo do IP", disse o delegado, que pretende utilizar o protocolo de internet - uma espécie de "identidade" do computador - para encontrar o criminoso.

Entenda o caso

Sonia Regina foi vítima ofendida pela internet na quinta-feira (11), quando um perfil identificado como "Branco White" disse que não havia lugar para "negros sujos na cidade", e que era hora de limpar Altamira desta "peste negra". A estudante ficou abalada e procurou a polícia, que abriu um inquérito para investigar o caso na última segunda-feira (15).

De acordo com o Ministério Público, o agressor de Sonia cometeu pelo menos dois crimes: injuria racial, que é a ofensa dirigida à pessoa; e racismo ao direcionar o ódio para todos os negros. A promotoria não descarta que o suspeito também tenha associação com grupos ligados a crimes de intolerância racioal em outros estados e até mesmo fora do Brasil.

Fonte: G1/Pará