Lideranças acusam Bertolini de se apossar de rua
Portão colocado pela empresa Bertolini interditando a
Alameda Alecrim, no bairro da Matinha
Portão colocado pela empresa Bertolini interditando a Alameda Alecrim. Revoltados com o descaso da administração pública em relação a diversos problemas que acontecem principalmente nos bairros periféricos de Santarém, no Oeste do Pará, lideranças comunitárias, entidades de classe e coordenadores de igrejas católicas e evangélicas ameaçam promover uma série de protestos caso não tenham suas reivindicações atendidas pelo governo e demais órgãos gestores.
Para formular a estratégia de reivindicações e de protestos, três reuniões aconteceram no salão da Igreja Cristo Ressuscitado, localizada no quilômetro 04, da rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163. Uma reunião aconteceu no dia 15 de junho, onde as lideranças debateram os principais problemas dos bairros. Já nos dias 05 e 20 de julho deste ano, no Salão da Igreja Cristo Ressuscitado, as lideranças formularam uma carta com a pauta de reivindicações.
A reunião contou com a presença de lideranças dos bairros Nova República, Cambuquira, Maracanã, Ipanema, grande área do Santarenzinho, Esperança, Matinha, Vitória-Régia e Floresta. Participaram ainda, o representante da Comissão da Justiça e Paz da Diocese de Santarém, Padre Edilberto Sena e os coordenadores da Igreja Assembléia de Deus e Igreja da Paz. A reunião contou com cerca de 100 pessoas.
Durante os três encontros foram debatidos os principais problemas enfrentados por moradores dos referidos bairros, como: falta de segurança pública, sistema viário em precárias condições, falta de água nas torneiras das residências, insegurança para pedestres no trecho urbano da rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163) e o bloqueio da Alameda Alecrim, na divisa dos bairros da Matinha e Cambuquira, pela empresa Transportes Bertolini Ltda (TBL).
Outros problemas foram apontados pelos comunitários, como a falta de faixa de pedestres e lombadas no trecho urbano da BR-163, entre a Serra do Piquiatuba e o porto da Companhia Docas do Pará (CDP). Quem trafega na BR-163 do bairro do Cambuquira até o porto da CDP constata o perigo e os riscos que centenas de pessoas sofrem ao tentar atravessar a rodovia federal. Famílias se arriscam para atravessar a BR-163.
Segundo as lideranças comunitárias, em outras cidades cortadas por rodovias federais, há a obrigatoriedade de serem instaladas lombadas a cada 400 metros, dentro da zona urbana. Já em Santarém, quem trafega pela rodovia observa a falta de sinalização, de passarelas e de lombadas em um trecho de 13 quilômetros da BR-163.
Durante os encontros, os comunitários decidiram formular uma carta para ser enviada aos principais órgãos de Santarém, como a Prefeitura Municipal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Ministério Público Federal (MPF).
Ruas esburacadas, obstrução da Alameda Alecrim e o desrespeito de empresas que se instalam na área e cometem abusos contra as famílias tradicionais foram colocados também em pauta. Caso as reivindicações não sejam atendidas num prazo máximo de 30 dias, os comunitários afirmam que vão iniciar os protestos, inclusive, com a interdição da BR-163, no quilômetro 04.
ASSEMBLÉIAS: Para o padre Edilberto Sena, os encontros foram chamamos de assembléias, principalmente por terem sido convocados os presidentes das associações de moradores, pastores, padres, professores, diretores de escolas e lideranças comunitárias de mais de cinco bairros. Ele explica que a preocupação das lideranças é a intensificação do tráfego de carros de passeio, motocicletas, caminhão baú e veículos pesados na BR-163, além de outros problemas de ordem administrativos.
“O risco de morte é muito grande por conta dos pedestres não terem nenhuma proteção na rodovia, como acostamento ou calçadas. Somente neste ano já morreram várias pessoas e, então vamos comunicar às autoridades que respeitem a nossa vida!”, exclama.
Em relação à obstrução da Alameda Alecrim, padre Edilberto Sena afirmou que também é um caso muito sério. “Existe uma empresa de transporte de cargas que está se apossando da rua e dezenas de moradores estão sendo prejudicados e, até agora as autoridades não tomaram providências. A Prefeitura de Santarém tem poder de polícia para resolver essa situação, mas até agora só está preocupada com o progresso. É por isso que as comunidades vão fazer pressão para ver se resolvem essa questão”, alertou o religioso.
REIVINDICAÇÃO: A presidente da Associação de Moradores do Bairro do Cambuquira, Fátima França, destaca que a principal reivindicação é a questão da infraestrutura, por causa das pessoas que moram às margens da BR-163. Com a vinda diária de centenas de carretas, segundo ela, a situação está se complicando cada vez mais.
“Não há acostamento e nenhum trabalho de infraestrutura que valorize as pessoas e que possa dar segurança de trafegabilidade. As famílias dependem de atravessar a BR-163 para irem a igreja ou as crianças a escola, mas ultimamente está muito complicado”, diz Fátima, acrescentando que em relação à Alameda Alecrim, que também é uma rua do Cambuquira, a comunidade vai procurar os caminhos legais possíveis para resolver essa questão do bloqueio por uma transportadora.
APOIO: O presidente da Associação de Moradores do Bairro da Matinha, Raimundo Carlos de Assis, garante que como representante do bairro vai apoiar o movimento, por ser em defesa da vida. Ele afirma que está junto, apoiando e ajudou a dar idéias no documento que será enviado para as autoridades competentes, para dar uma solução para os problemas.
“Nos últimos meses muitas vidas foram ceifadas nessa rodovia. Sabemos que pedestres, motociclistas e ciclistas estão tendo dificuldades para disputar espaços com as carretas na rodovia e temos que impedir que isso ocorra, porque vidas ainda podem ser ceifadas”, alerta.
Raimundo Assis ressalta que existem muitos problemas no bairro, inclusive, de uma empresa transportadora que se instalou na área, bloqueou uma rua e impediu o direito de ir e vir de dezenas de famílias. “Estamos reivindicando junto às autoridade o direito garantido dessas pessoas, porque as famílias não podem ficar isoladas”, argumenta.
Por: Manoel Cardoso
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