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Atirador que matou ex-colegas acumulava queixas de colegas, chefes e entrevistados antes de ser demitido


ROANOKE, Virgínia - O repórter que matou dois ex-colegas de trabalho em plena transmissão de TV e fugiu, antes de postar imagens em primeira pessoa do crime, foi repreendido várias vezes por seu comportamento agressivo e intimidador. Em menos de um ano, Vester Flanagan — que utilizava o nome Bryce Williams — acumulou várias queixas por parte de câmeras e de sua chefia.

Obtidos na íntegra pelo “Guardian”, os memorandos da emissora mostram várias mensagens trocadas entre o então diretor de notícias da WDBJ, Dan Dennison, com Flanagan, copiando colegas mais antigos e o repreendendo por atitudes agressivas, a ponto de exigirem que ele buscasse ajuda médica para continuar a trabalhar na emissora da pequena cidade.

Dois meses após a chegada de Flanagan à emissora, em março de 2012, o diretor de notícias começou a mandar mensagens a colegas preocupado com as atitudes do experiente repórter, que trabalhou em diversos locais durante a carreira de mais de 15 anos. Foi aí que o alertou de que as atitudes do funcionário eram incompatíveis com as diretrizes da rede

A repórter Alison Parker, 24 anos, e o cinegrafista Adam Ward, de 27, entrevistavam a diretora da câmara de comércio local Vicki Gardner, no shopping Bridgewater Plaza quando um atirador abriu fogo sobre os profissionais em Roanoke, Virgínia (EUA). Gardner levou um tiro nas costas e foi hospitalizada, enquanto os dois jornalistas morreram.

O suspeito dos crimes, Vester Lee Flanagan, 41 anos, foi preso ferido e socorrido em condição crítica ao hospital local. Horas depois, ele não resistiu e morreu.

“Em três ocasiões, você já mostrou comportamento que resultou em um ou mais colegas seus se sentindo incomodados. Usou linguagem verbal e corporal que deixaram os colegas incomodados, ameaçados e extremamente desconfortáveis”, ele alertou.
Os episódio citados se referiam a uma vez em que Flanagan ameaçou um câmera dentro da van de transmissão, além de outras situações em que criticava a atuação dos videojornalistas e os intimidou em frente aos entrevistados. Tudo isso em dois meses. Pouco tempo depois, com mais relatos de agressividade do repórter, recebeu uma ameaça severa, exigindo que procurasse ajuda.

“Você tem causado episódios em série. Este é um documento requerendo seu comprometimento em buscar assistência profissional. Se não cumpri-lo, terá seu contrato terminado”, ameaçava Dennison, após vários episódios de ataques de fúria de Flanagan.

Durante algum tempo, as críticas cessaram. Mas em novembro, ele voltou a ser enquadrado. Desta vez, por usar um broche do presidente Barack Obama enquanto cobria a eleição que garantiu seu segundo mandato. Dennison disse a ele que “descumprira com o dever ético”. Um mês depois, Flanagan admitiu que deveria deixar o emprego, mas os chefes deram mais uma chance.

Três meses depois, Dennison decidiu demiti-lo. Foi considerado um bom repórter, mas “sem capacidade de trabalhar em grupo”. Quando foi convocado para saber de sua demissão, ficou furioso e disse que não sairia. Ameaçou só deixar o prédio se a polícia fosse chamada — o que ocorreu.

“Vou fazer um escândalo e isto vai parar nas manchetes”, ele disse, antes de jogar umobjetos contra Dennison enquanto era escoltado para fora.

Em março de 2014, Flanagan abriu um processo contra a emissora por supostas perseguições sexual e racial sofridas por repórteres e por Dennison. Disse ainda que os colegas secretamente posicionavam objetos que fazem referência a provocações racistas só para “orquestrar sua demissão”. Não conseguiu provar.

A emissora XETV, da Flórida, também o demitiu em 2000 por “comportamento bizarro e ameaças a funcionários”, em questão de meses após sua contratação. Flanagan, que trabalhou em outras cidades, como São Francisco, era tido como instável.

Semanas antes do assassinato na quarta-feira em Moneta, na Virgínia, ele alugou o carro da fuga em vez de usar seu próprio veículo e postou várias imagens no Twitter mostrando diferentes fases de sua vida. Em um fax enviado à emissora ABC enquanto fugia da polícia, o atirador se descreveu como um barril de pólvora humano. Se dizia furioso pelo ataque de um supremacista branco que matou nove pessoas na Carolina do Sul.

“O que me deixou fora de mim foi o massacre em Charleston. Minhas balas têm as iniciais das vítimas nelas. Dylann Roof, seu m*. Você quer começar uma guerra racial? Venha, seu branquelo (sic). Meu ódio vinha se acumulando. Tenho todo o direito de ter raiva. Mas quando sair da Terra, o único que quero sentir é paz.”

Vejam algumas imagens:


















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imagem de uma pessoa em frente a tela no notebook com a logo do serviço balcão virtual. Ao lado a frase indicando que o serviço