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John Wick 3: Parabellum | Opinião sem spoilers

Por: Allan Patrick


Nessa nova fase da saga de John Wick, acompanhamos seu universo se expandindo, e de fato prova que o longa tem capacidade de ser muito mais do que apenas tiros e uma bela estética. No primeiro capítulo da saga, a justificativa, para a história do assassino fora da ativa que “volta ao jogo“ tinha um motivo, aparentemente incomum: recuperar um carro e vingar a morte de seu cachorrinho. Nesse contexto Wick encontra motivos para se firmar como o anti-herói que talvez precisamos. A estética do filme é muito interessante, contém muito das cores escuras e profundas. Sem falar no clima, sempre chuvoso da grande metrópole, intercalando excêntricos cenários que evocam o perigo e sujeira, tanto quanto um universo secreto, escondidos atrás das paredes mais insuspeitas… Tem tiro, tem briga, tem mistério, tem pactos de sangue, tem juramentos e muita troca de favores.

O título já deixa bem claro as intenções de ser maior e mais barulhento. Derivado, diretamente, do provérbio em latim “Si vis pacem, para bellum” ou “se queres paz, prepara-te para a guerra” em tradução livre. “Parabellum” estabelece o papel de John, e o destino que ele vem desenhando desde o início de sua trajetória para si: a disposição de, mesmo sozinho, mover uma batalha contra tudo e contra todos para viver a memória de seu grande amor. Isso define bem as motivações que levam John pelo caminho que segue. Ele vive, e segue querendo viver pela memória de Helen, a mulher que perdeu.

Neste Capítulo 3, John Wick está foragido por duas razões: ele é caçado por um contrato global de US$ 14 milhões por sua vida, e por quebrar a regra principal, que foi tirar uma vida dentro do terreno do Hotel Continental. A vítima era um membro da Alta Cúpula, que deu a ordem para o contrato. John já deveria ter sido executado, exceto pelo fato de que o gerente do hotel, Winston, lhe concedeu uma hora de vantagem antes de ser morto. Sua associação foi revogada, ele foi banido de todos os serviços e desligado dos outros membros. John usará a indústria de serviços para se manter vivo, enquanto luta para sair vivo de Nova York. A trama aqui resgata personagens, fatos e eventos que foram importantes, direta e indiretamente, para os acontecimentos dessa nova narrativa. Esta é outra característica própria da saga de John Wick, não ser uma história fechada. E ainda deixa uma bela abertura para um futuro capítulo 4. No fim do capítulo 2, John era “excumunicado”, tendo sua cabeça colocada a prêmio para quem estiver disposto a se arriscar pela grana. E aqui, entendemos o significado disso.

A primeira metade do filme temos John numa corrida enlouquecida para sobreviver às hordas de assassinos que tentam a sorte numa luta contra a lenda. Ele vaga por Nova Iorque tentando juntar peças para conseguir uma saída e, a cada grupo de matadores que surge, nos vemos em uma série de planos sequências que misturam artes marciais, tiros, piruetas e lances que beiram o cômico, de tão insanos. A estética de videogame reina. John Wick consegue emular melhor os videogames na tela do cinema, que o cinema consegue emular os videogames na tela grande. E é aqui que reside uma das grandes vantagens. É muito divertido ver John navegando de um espaço para outro, como em fases de um jogo de ação, usando diferentes armas, técnicas e artifícios locais de acordo com o cenário em que se encontra.


O impressionante é que John apanha. E muito. Ele sangra, várias vezes, nos mesmos lugares. Facas e tiros não são como raios, e pelo tanto que ele lutou, não é difícil ele já ter levado uma facada, ou tiro num lugar que já tinha um buraco ou um ferimento ainda cicatrizando. Neste capítulo, mergulhamos um pouco no passado de John, tanto pessoal como profissional, assim como nos conhecemos um pouco mais sobre a Alta Cúpula, uma estrutura muito mais burocrática, recheada de regras e leis internas que uma organização criminosa qualquer.

Em John Wick me divertiu, ri de momentos de autoparódia, ou auto-homenagem, como quando Keanu recita uma frase clássica de Neo em Matrix. Eu amei a participação Mark Dacascos, muito bom. Ele e seus alunos são os donos de alguns dos momentos mais “cômicos” do filme. Enfim, John Wick entrega um filme de ação grandioso que expande toda sua mitologia e como um bom livro, deixa portas abertas, e um imenso desejo de querer mais. Depois de uma guerra maestral, Wick pode impressionar ainda mais! Minha nota 9,5!







Fonte: Allan Patrick, Cinema

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