Médico neurocirurgião alerta sobre dor de cabeça, enxaqueca e AVC
O médico neurocirurgião Luiz Rodolfo Carneiro Filho esteve na redação do Jornal O Impacto para falar sobre um problema de saúde que uma grande parte da população tem no dia a dia, a famosa enxaqueca. O especialista faz uma análise sobre essa doença.
“Popularmente, o pessoal fala que problemas no fígado, dão dor de cabeça, está com enxaqueca por causa do fígado. Na verdade, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Acontece que a enxaqueca é normalmente uma dor que tem a ver também com a parte arterial nervosa, você pode ter essas náuseas, essa vontade de vomitar. Dentro do contexto, a alimentação é muito importante nos fatores que desencadeiam enxaqueca. Então, muita gente relaciona com isso, ‘eu comi alguma coisa e fez mal para o meu fígado, me deu dor de cabeça’. Para dar um diagnóstico de enxaqueca, você tem de ter principalmente os sintomas associados e você pode solicitar alguns exames de imagem que vão ajudar a elucidar; o exame não dá diagnóstico, ele é um exame complementar. Você vai examinar o paciente e dentro da sua análise você vai ou não solicitar os exames. É difícil você não solicitar os exames, principalmente eu que sou neurocirurgião, você fica pensando em alguma coisa a mais, até porque não tem como você diferenciar muito uma dor de cabeça da enxaqueca ou para uma outra coisa, por exemplo uma lesão expansiva no cérebro, um tumor como as pessoas têm muito medo. Na verdade, a gente consegue saber o seguinte: existem as dores que você diferencia da seguinte maneira, a enxaqueca normalmente você já tem um histórico familiar, às vezes você tem um histórico de na adolescência ter tido dor de cabeça, na fase adulta ter tido dor de cabeça, então, tem muita gente que tem a dor de longa data, é mais difícil ser uma coisa mais grave, mas assim a enxaqueca enquanto jovem é mais comum em homens do que em mulheres; depois na fase adulta é mais comum em mulheres do que nos homens, principalmente porque tem a ver com a parte hormonal. Por exemplo, a mulher na fase da menstruação a tendência é ter dor de cabeça; também tem a questão do estrógeno que é um tipo de hormônio que existe no nosso corpo”, disse o médico.
Dr. Luiz Rodolfo informou sobre o tratamento e qual o especialista que deve cuidar da enxaqueca: “Nós havíamos conversado antes, que qualquer coisa pode dar dor de cabeça, que é uma patologia muito comum. Até certo ponto ela é meio complicada de você tratar, porque ninguém aguenta ficar com dor de cabeça, é a mesma coisa que dor de dente. Para ter um tratamento efetivo você precisa obviamente, às vezes, de um de tratamento multidisciplinar, multiprofissional, ou seja, é preciso que um oftalmo avalie o paciente, porque muitas vezes pode ser realmente algum teste visual; muitas das vezes você precisa que o otorrino avalie o paciente que pode ter sinusite associada; muitas vezes precisa de um bucomaxilo também para avaliar um paciente porque pode ter uma coisa chamada de disfunção temporomandibular e é da articulação temporomandibular; quando você tem uma disfunção da articulação também dá dor de cabeça, que normalmente é uma dor de cabeça temporal e, dependendo do lado da articulação que é afetada, vai dar a dor; pode ser direita ou esquerda, ou pode ser bilateral, o que é muito comum as pessoas confundirem com enxaqueca, porque, afinal de contas, essas articulações são as que mais a gente usa para falar, para respirar, para comer, então, às vezes essa disfunção pode dar muita dor”, informou o neurocirurgião.
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A DOR DE CABEÇA E ENXAQUECA: Sobre a medicação, quando alguém está com esses sintomas, Dr. Luiz Rodolfo esclarece: “A princípio você toma uma medicação simples, como uma dipirona, paracetamol ou ibuprofeno, não vai fazer mal. O problema é a persistência, inclusive até a propaganda de televisão diz que ‘ao persistirem os sintomas procure o médico’. Como havia falado, além desses outros profissionais que eu falei do tratamento, é óbvio que depois você também vai ter de procurar um neurologista ou neurocirurgião, para tentar chegar ao diagnóstico dessa enxaqueca ou dor de cabeça. Qualquer acessório que faça você ficar desconfortável, você pode ter algum tipo de complicação, como o uso de óculos. Você tem realmente um aperto nessa região, do músculo temporal que é importante para a gente, é um músculo bem desenvolvido que faz parte da mastigação, da respiração, da fala, é uma musculatura que a gente usa bastante. Inclusive, tem uma outra patologia que também confundem muito com a enxaqueca, que é a arterite temporal, uma artéria na região da têmpora e essa artéria quando inflama também pode dar dor. Com relação à pessoa que constantemente tem dor de cabeça, nesse caso ela precisa de uma investigação, pois não é normal você sentir dor. Tem muitas pessoas que chegam comigo no consultório, falando que sentiam dor em um local da cabeça, mas que essa dor mudou, pois sentia uma dor normal e agora está diferente. Não existe dor de cabeça normal, o normal é você não ter dor, então, a partir daí você começa a fazer uma investigação, começa a verificar o hábito de vida da pessoa, no que ela trabalha, se é fumante, se é etilista, tipo de alimentação, se tem muito estresse ou não, se pratica exercício em excesso, tudo contribui para isso; afinal de contas, dos fatores que contribuem para piorar a enxaqueca, os principais são o estresse físico, o estresse emocional, alimentação e a falta de sono, ou seja, alteração no sono, insônia ou quando você dorme demais também pode dar dor de cabeça”, alertou o médico.
FALTA DE SONO PODE PROVOCAR DOR DE CABEÇA: O neurocirurgião se posiciona sobre o costume do sono, pois existem informações que dizem que temos de dormir 8 horas por dia, mas, muitas das vezes a pessoa, principalmente o jovem, vai à balada, chega em casa duas da manhã e dorme até duas da tarde, e isso também pode provocar dor de cabeça: “Pode assim! Como eu estou falando, a pessoa tem de ter uma tendência a ter a dor, principalmente no caso da enxaqueca, porque dor de cabeça e enxaqueca são coisas diferentes, dor de cabeça é um sintoma de que você vai ter a enxaqueca. A enxaqueca normalmente é dor de cabeça precedida ou não de náusea, onde você vai ter a fotofobia, a irritação sonora, tontura, ela pode ser acompanhada de vômitos ou não, dor de cabeça; existe gente que tem e nem sente nada disso. Agora, o excesso ou falta de sono realmente podem também provocar dor de cabeça, afinal de contas, você tem uma alteração no ciclo circadiano, que é o que a gente precisa, que normalmente quando você tem o hábito de sono você precisa ter aquela manutenção, não adianta você dormir 8 horas por dia de segunda a sexta e no final de semana querer dormir só 4 horas. Você vai ter algum tipo de alteração. Nessa época de carnaval esse problema é comum em muitas pessoas. Quando você está com dor de cabeça da ressaca, é uma dor que logo resolve quando você toma algum tipo de medicação, principalmente quando você se hidrata, porque basicamente a dor de cabeça da ressaca é provocada por uma desidratação das meninges, que são as estruturas que revestem o cérebro e o cérebro em si não dói, mas a estrutura que reveste cérebro, que são os meninges, sim, pois são inervadas pelas terminações nervosas e sensitivas da dor. Então, quando a pessoa fica muito desidratada, acaba tendo uma dor de cabeça realmente um pouco maior. O álcool provoca desidratação e constantemente você tem de tomar água para hidratar, que é uma maneira de prevenir a dor de cabeça, a enxaqueca. Agora, para prevenir a dor de cabeça da enxaqueca, realmente é não beber, porque o álcool provoca a dor de cabeça, no caso de enxaqueca. Então, quem sofre de enxaqueca na hora que bebe a tendência é piorar, principalmente, por incrível que pareça, quando bebe qualquer tipo de vinho, suave ou seco, porque a substância do vinho que normalmente desencadeia a enxaqueca é a tanina. Como eu sempre falo, dor de cabeça não é normal, é óbvio que se fala muito sobre a enxaqueca, que é muito famosa. Na verdade, não é assim, a enxaqueca tem os sintomas, tem as coisas que pioram o hábito de vida; agora, por exemplo, se você tem uma dor de cabeça que está sendo muito persistente e não melhora com nenhuma medicação, isso não é normal e tem que investigar”, alertou.
AVC ISQUÊMICO E HEMORRÁGICO: O médico alerta sobre a situação em que a pessoa sente a dor de cabeça, vai medir a pressão e está alta: “Esse é um caso meio complicado. O fato de você ter dor de cabeça não significa que seja só por causa da pressão alta. Vou dá um exemplo: Na minha casa, minha mãe nunca sentiu nada de dor de cabeça. Um belo dia estava no hospital com minha avó e a moça foi verifica a pressão da minha avó. Aí, minha mãe disse para a moça verificar a pressão dela também. A moça verificou, olhou pra minha mãe, olhou a segunda vez e disse: `A senhora está com a pressão 18 por 12!`. Ela nunca tinha verificado a pressão regularmente, nunca tinha sentindo dor de cabeça, e estava com a pressão alta. A relação da dor de cabeça para a pressão alta é outra história. Sobre a pessoa ter dor de cabeça, pressão alta e sofrer um derrame, posso dizer que ela teve um AVC isquêmico ou hemorrágico. É importante saber se foi por falta de oxigênio ou por sangramento. Isso é importante de diferenciar, porque o AVC isquêmico normalmente não dá tanta dor de cabeça; ele pode dar um pouco de dor de cabeça, mas o sintoma de imediato é a perda da força, perda da fala, ficar sem mexer um lado do corpo, esse é o isquêmico e que é o mais comum, sendo que um dos fatores principais para dar esse tipo de derrame é a pressão alta e às vezes a pessoa não sabe. Por exemplo, minha mãe estava com a pressão 18 por 12, e poderia ter tido um AVC isquêmico. Agora, quando a pessoa chega no hospital com uma dor de cabeça lancinante, aguda, que começou há pouco tempo, gritando de dor e com pescoço duro, sendo que muita gente acha que o pescoço fica duro quando tem meningite, não é; a que pessoa fica é com dificuldade de dobrar o pescoço, ela pode estar tendo um AVC hemorrágico, que é o sangramento dentro do cérebro. Na realidade, nesse dois tipos de derrame a taxa de mortalidade é alta, no AVC hemorrágico é um pouco maior do que no isquêmico. Mas quando você tem condições de chegar no Hospital, você tem chance de sobreviver”, finalizou o médico Luiz Rodolfo Carneiro Filho.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto
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