Aeroporto:passageiros querem mais acessibilidade em Santarém
Atendente escreveu em bilhete para passageiros surdos
Três passageiros surdos perderam voo para Belém, na tarde de segunda-feira (17). Santarém - (Atualizado às 18h57)
Uma realidade que está presente em muitos lugares: a acessibilidade. Será que em Santarém, oeste do Pará, os locais públicos e principalmente os de grande movimentação estão adaptados? A resposta infelizmente é negativa.
Na segunda-feira (17), três passageiros surdos tentaram embarcar no aeroporto de Santarém e não conseguiram. Na manhã desta terça-feira (18), os três passageiros, que são integrantes da Associação dos Deficientes de Santarém, estiveram no aeroporto com a empresa responsável pelo voo para tentar reverter a situação, mas eles não tiveram sucesso.
Thaiane, Fernando e Fabio vieram para Santarém participar de um encontra de surdos que discute justamente a acessibilidade. Na vinda, não houve problemas, mas no retorno eles perderam o voo e não tiveram comunicação digna com a empresa responsável, nem com o aeroporto.
Qualquer empresa de grande porte precisa estar adaptada de modo com que possibilite acessibilidade a cadeirantes, surdos e cegos. O assessor do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Brasília, Isaias Leão, veio para Santarém para contribuir com a implantação de uma organização de surdos no município.
No estacionamento do aeroporto de Santarém há lugares reservados para cadeirantes, o banheiro também é adaptado, assim como os balcões de atendimento, mas o saguão não dispõe de mecanismos que possam auxiliar uma pessoa cega até o local de embarque. Os surdos afirmam que sentiram ainda a falta de intérpretes para um contato mínimo de comunicação.
Segundo eles, a atendente da empresa de linha aérea entregou a passageira um bilhete na tentativa de uma comunicação.
Por telefone, a assessoria de comunicação da empresa aérea em São Paulo informou que o voo 3421 Santarém/Belém, o qual os passageiros Thayane Moraes da Silva, Fernando Henrique da Silva Botelho e Fábio Cesar da Silva Botelho iriam, estava marcado para decolar às 15h53 de Santarém com chegada a Belém às 17h13. Mas, segundo a nota, os três passageiros chegaram ao Aeroporto Internacional de Santarém Maestro Wilson Fonseca, às 15h35, ou seja, 20 minutos depois do encerramento do check in, que deve ser encerramento 30 minutos antes da decolagem, segundo norma internacional.
Ainda segundo a assessoria de comunicação da empresa aérea, os passageiros com qualquer tipo de deficiência devem informar a empresa aérea com até 48 horas de antecedência se precisam de atendimento especial, o que não foi feito pelos passageiros em questão.
Segundo a empresa, nesta terça-feira, os três passageiros foram encaixados em outro voo da empresa, mas a repórter Márcia Andrade, que estava com os passageiros durante esta manhã, informou que eles foram enquadrados por atraso pela empresa e deveriam pagar uma taxa no valor total de R$ 700 cada um, mas como os mesmos não possuem o valor pedido, não viajaram de avião. Com ajuda da Prefeitura, eles vão para Belém de barco na sexta-feira (21).
A empresa ainda enviou uma nota oficial, nesta tarde, a nossa redação, informando que os "três clientes, deficientes auditivos, apresentaram-se ao balcão da companhia no Aeroporto de Santarém (PA), às 15h35 de ontem, após o encerramento do check-in do voo JJ 3421, adquirido pelo grupo, que decolou às 15h53 de ontem para a capital Belém. O prazo limite para a realização do check-in é de 30 minutos antes do horário previsto para a decolagem do voo. A companhia orienta que clientes em voos domésticos façam o check-in no aeroporto com, no mínimo, uma hora de antecedência. Para clientes viajando em voos internacionais, a antecedência deve ser de pelo menos duas horas". Além disso, a empresa "ressalta que clientes com necessidades especiais e idosos têm direito à assistência especial de um funcionário da companhia, que o acompanha desde a chegada ao aeroporto até o momento do embarque. Para isso, os clientes devem fazer a solicitação com até 48 horas de antecedência ao voo". Em caráter de exceção, a empresa informou que "liberou a remarcação das passagens sem custos".
A Infraero não se manifestou sobre a falta de acessibilidade do aeroporto de Santarém.
Fonte: No Tapajós
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