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O que você responderia para Renato se ele te perguntasse "que país é esse?"

A música e a sua forma de nos fazer entender a história.

Renato Manfredini Júnior, mais conhecido apenas como Renato Russo, escreveu músicas que mesmo após a sua morte formam um legado incrível para todas as gerações. Hoje, prestes a completar vinte anos de sua passagem, Renato ainda embala e anima milhares de fãs espalhados por festas e shows que pipocam todos os finais de semana em qualquer lugar deste Brasil.
De todas as músicas sejam românticas sejam as de protesto, uma em específico continua sendo cantada com o mesmo tom de indignação e atualidade com o qual foi escrita em plena ditadura militar. Renato, escreveu "Que PAÍS É ESSE" em 1978 ainda no Aborto Elétrico, mas só a gravou e lançou em um álbum de mesmo nome em 1987, na famosa "década perdida", já como vocalista da Legião Urbana. Na ocasião, justificaram no encarte do álbum a demora no lançamento "oficial" da canção com o seguinte texto.
""QUE PAÍS É ESSE"nunca foi gravada porque sempre havia a esperança de que algo iria realmente mudar no País, tornando-se a música então totalmente obsoleta. Isto não aconteceu e ainda é possível se fazer a mesma pergunta do título".
O que assombrava Renato em 78, o assombrava também em 87. Os problemas de corrupção, estabilidade econômica, grande concentração de riqueza por alguns e pobreza desvairada para muitos, violência contra negros, pobres e índios, é problema antigo dessa nossa nação e que infelizmente continua assombrando a todos nós mesmo quase 30 anos após Renato, ter escrito tal música.
Para aqueles como eu, que não vivenciaram a ditadura (explícita) e que já nasceram sob a égide da Constituição Cidadã Brasileira cheios de Direitos e de si, a música, principalmente aquelas feitas pelas bandas de Brasília no alto da colina, muitas das vezes são melhores do que os livros escolares para compreender a nossa história. Elas contêm relatos primorosos sem edições, da vida como ela realmente era. Das alegrias de se viver numa época em que tudo era muito novo, era descoberta e que as relações e emoções eram mais intensas do que as vivida por nós atualmente, desde as agonias das batidas policiais, das torturas, da censura e das carteiradas.
A música, assim como a literatura escrita naquela época por pessoas que vivenciaram este momento são tesouros que não podemos perder no tempo. E Russo dizia já no final da década de 70 que repetimos diariamente agora em nossos facebooks e twitters. Muitas das vezes a música nos dá um tapa na cara nos provocando por conta de nossa completa inércia. Nascemos numa era democrática, mas quantos dos nossos Direitos não são pisoteados diariamente? E o que fazemos para mudar a realidade descrita por Renato lá atrás?
Renato já gritava para todos que a sujeira está no Senado assim como nas favelas. No primeiro, abrigam os políticos corruptos que nos assaltam todos os dias e no segundo grandes chefões de crimes tão organizados quanto no Senado. O que mudou? Apenas a forma como os primeiros vão parar lá. Hoje em dia, somos nós que escolhemos os nossos bandidos.
Naquela época ninguém respeitava a constituição e hoje em dia também não. É necessário cada vez mais a elaboração de leis para que as pessoas se respeitem e que ninguém seja discriminado em função de cor, credo, classe social ou orientação sexual.
Nós não vendemos mais apenas os nossos índios, até por que estes já matamos, e os que sobraram foram expulsos de suas casas. Vendemos agora força de trabalho a preços módicos para que grandes empresas lucrem ainda mais. Flexibilizamos a terceirização como se fosse bom para o trabalhador ser explorado até o seu limite e após 127 anos da lei Áurea, agora discutimos a flexibilização também do trabalho escravo, mas estou louca ou ele nem deveria existir? Ou a discussão ao invés de ser sobre flexibilizar não deveria ser sobre erradicar de uma vez por todas
Será que alguém ainda acredita no futuro da nação ou já correram todos para as montanhas? Será que ainda ficou alguém disposto a bater no peito e dizer com orgulho "eu sou brasileiro"?
Se Renato estivesse aqui sentado numa mesa de bar com você, me diga o que responderia para ele se ouvisse a pergunta "que país é esse"?
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