Breaking News

Ditadura: Motorista que levava JK foi baleado antes de acidente


A Comissão da Verdade da cidade de São Paulo divulgou nesta terça-feira (10) um relatório que provaria a hipótese de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek, morto num acidente automobilístico em agosto de 1976, foi na verdade assassinado.

No documento, o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), que preside a comissão, afirma que JK foi vítima de um complô orquestrado pelo regime militar (1964-1985).

"A comissão declara o assassinato de Juscelino Kubitschek de Oliveira, vítima de conspiração, complô e atentado político na rodovia Presidente Dutra em 22 de agosto de 1976", diz o relatório.

Até hoje aceita-se que Juscelino morreu em um acidente de carro. O veículo em que o ex-presidente estava bateu em um caminhão após ser tirado da pista por um ônibus de viagem. O documento apresentado enumera 90 supostas provas de que o acidente que envolveu JK e seu motorista foi armado por agentes do antigo regime.

"Há indícios incontestáveis de que o motorista do carro do ex-presidente fora atingido por um projétil antes do carro se chocar com um caminhão que vinha do lado contrário. Toda aquela história de que o Opala onde estava Juscelino e o motorista fora atingido por um ônibus da viação Cometa é armação. Laudos, depoimentos e documentos daquela época nos ajudam a concluir que houve fraude e omissão das perícias que atuaram no caso”, afirma Natalini.

Algumas das provas apresentadas foram obtidas em depoimentos colhidos pela comissão desde março deste ano. De inédito, consta o depoimento do motorista Ademar Jahn, que dirigia um caminhão no local do acidente no dia 22 de agosto de 1976 e viu o que houve com o carro de JK.


Segundo o relatório, Jahn afirmou ter visto o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, "debruçado, com a cabeça caída entre o volante e a porta do automóvel, não restando dúvida de que o condutor se encontrava desacordado e inconsciente, e já não controlava o veículo, antes do impacto".

Para a comissão Ribeiro foi atingido na cabeça por um projétil antes de perder o controle e causar o acidente. A afirmação se baseia na falta de laudos e exames de raio X feitos no corpo do motorista naquela época e no depoimento de um dos peritos que estiveram no local do acidente na noite.

O depoimento de Jahn reforça a suspeita de que o motorista foi atingido por um tiro antes da batida. Em novembro, Natalini solicitou ao governo de Minas nova perícia de um fragmento metálico encontrado no crânio de Geraldo Ribeiro.

O relatório afirma que o secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo de Carvalho Ferraz, enviou um ofício à comissão dizendo que "não foi localizado o laudo original e materiais solicitados (fragmento metálico)".

"Conforme as autoridades de Minas Gerais, portanto, estavam desaparecidos das dependências da Polícia Civil tanto o laudo oficial com o resultado da exumação da ossada de Ribeiro, quanto a análise original do fragmento metálico". Essa primeira perícia apontava que o fragmento era um prego do caixão de Ribeiro.

Contrariando essa versão, o perito criminal Alberto Carlos de Minas relatou que foi impedido pela polícia que fazia a proteção do local do acidente de fotografar o corpo de Ribeiro, ao constatar um buraco no crânio do motorista. O perito disse à comissão que o buraco tinha as características de abertura causada por arma de fogo.

Ele também relatou que, dias após o acidente, o informaram de que o crânio do motorista havia sido esfacelado durante o acidente, contrariando o que ele tinha visto e que, assim, "não haveria como constatar qualquer abertura de projétil".

Além deles, também depôs o motorista Josias Nunes de Oliveira, que dirigia o ônibus que teria sido responsável pelo acidente. Oliveira afirmou, em seu depoimento, que recebeu uma oferta de dinheiro para que assumisse na época a culpa pela tragédia.

Com tudo isso, a comissão concluiu que Geraldo Ribeiro foi morto com um tiro e que já estava desacordado quando bateu o carro que levava JK com um caminhão que vinha em sentido contrário na estrada.

Natalini disse que encaminhará o relatório à Presidência da República, ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao Senado, e à CNV (Comissão Nacional da Verdade), para que o assassinato de JK seja reconhecido oficialmente. (R7)

Nenhum comentário

imagem de uma pessoa em frente a tela no notebook com a logo do serviço balcão virtual. Ao lado a frase indicando que o serviço