Por que o Linux como você conhece hoje vai desaparecer?
Desenvolvido para mudar o mundo. Open source, simples, funcional e
perfeito para qualquer usuário. Mas o Linux está morrendo (ou apenas mudando).
Como e por quê?
K Computer: o supercomputador mais rápido do
mundo roda Linux (Fonte da imagem: Riken.jp)
Quando o Linux foi criado, em meados de
1991, a ideia era apenas um projeto paralelo feito em casa, para fins
recreativos. Nada de um sistema operacional completo como o que hoje temos. Na
realidade, o primeiro anúncio do
Linux, em 25 de agosto de 1991, foi feito na Usenet,
em um post com a seguinte frase: “Olá pessoal que usa o minix. Eu estou fazendo
um sistema operacional (gratuito) (é só um passatempo, não vai ser nada grande
e profissional como o gnu) para 386 (486) AT clones”. Assinado por Linus
Torvalds.
Todos sabemos que o Sr. Torvalds estava
errado, e o Linux entrou para a história como o sistema operacional livre mais
amado que existe. Mas sua forma, sua ideia central – um sistema operacional
para computadores pessoais – está morrendo. Grandes distribuidoras, como Fedora, Debian, Mandriva e Slackware,
têm, ano após ano, diminuído suas participações relativas de mercado. A única
distribuição de grande porte que parece ter invertido suas chances é o Ubuntu.
Muitos projetos científicos, como o
Grande Colisor de Hádrons, por exemplo, têm suas bases de programação e
softwares de interpretação de dados e interface construídos sobre o kernel do
Linux.
Com relação ao Linux virar o Ubuntu,
existe um gráfico que fala por si só.
O Linux está mudando, e seu sistema de
distribuição vai mudar também. Segundo o NetMarketShare.net, a porcentagem de
usuários acessando a internet atualmente em desktops e laptops com Linux é
apenas 1,07% do total.
Se alterarmos para acessos à internet
em dispositivos móveis, a porcentagem de usuários com Linux passa
para mais de 16% (lembrando que Android, MeeGO, WebOS e Bada são baseadas no
kernel do Linux e, portanto, entram nessa conta).
Mas smartphones e tablets não são as
únicas aplicações do sistema operacional do pinguim. Ou ao menos de partes do
sistema. Em um artigo de janeiro de 2010, chamado Observações sobre o futuro do
Linux (em inglês), o usuário do sistema operacional Mark Jansen lista
algumas possíveis aplicações para o sistema no futuro: navegadores GPS,
roteadores, gravadores de TV Digital, servidores e supercomputadores.
E de 2010 para os dias de hoje a lista
aumentou. Há até mesmo geladeiras rodando Linux no mercado, como a do vídeo
abaixo (e sim, ela é brasileira, desenvolvida pela Electrolux e
a ProFUSION).
Já citamos inclusive 10 coisas que não
existiriam sem o Linux, de submarinos nucleares a carros inteligentes.
A diferença é que a utilização do Linux está passando a ser, cada vez mais,
integrada a produtos já existentes, de forma mais desenvolvida. Até mesmo o
aumento de vendas de computadores pessoais com Linux pré-instalado pode ser
contestado.
Uma pesquisa de 2004 da Gartner revelou
que quatro entre cada cinco computadores comprados com Linux acabam com uma
versão não genuína do Windows instalada no sistema.
É de se esperar, no entanto, que o
aumento de vendas de dispositivos móveis mude drasticamente essa balança para o
futuro. Em outra pesquisa (mais
recente) da Gartner, no segundo trimestre de 2011 quase 45% de todos os
dispositivos móveis vendidos no mundo utilizavam alguma variante do Linux
(novamente, Android, WebOS e Bada, entre outros).
Para efeitos de comparação, a venda de
dispositivos com iOS no período ficou em 18,2% do total. Pelas estimativas,
aproximadamente 50% dos dispositivos em circulação no mundo estarão
rodando a plataforma Android até o fim de 2012.
Parcela de mercado
|
|
2010
|
|
2011
|
|
2012
|
|
2015
|
Symbian
|
|
37,6%
|
|
19,2%
|
|
5,2%
|
|
0,1%
|
Android
|
|
22,7%
|
|
38,5%
|
|
49,2%
|
|
48,8%
|
RIM (Blackberry)
|
|
16,0%
|
|
13,4%
|
|
12,6%
|
|
11,1%
|
iOS (Apple)
|
|
15,7%
|
|
19,4%
|
|
18,9%
|
|
17,2%
|
Microsoft
|
|
4,2%
|
|
5,6%
|
|
10,8%
|
|
19,5%
|
Outros
|
|
3,9%
|
|
3,9%
|
|
3,4%
|
|
3,3%
|
Previsão de mercado para os principais
sistemas operacionais móveis (fonte: Gartner – com
adaptações)
É claro que as distribuições de Linux
não vão simplesmente desaparecer de centenas de milhares de computadores ao
redor do mundo. Iniciativas como a Computador para todos, do
Governo Federal, utilizam o Linux como forma de barateamento dos dispositivos
para aumentar o alcance da inclusão digital. Além disso, muitos computadores de
órgãos públicos (e muitas iniciativas privadas) também usam distribuições do
software.
No entanto, a forma com que o Linux
está sendo usado está mudando. O que está morrendo é a forma de distribuição do
sistema. Em breve, teremos centenas de milhares de dispositivos rodando esse
maravilhoso software livre sem que seus usuários saibam que o estão fazendo.
Sejam eles celulares, tablets, aviões, geladeiras, navegadores GPS ou o que
mais a mente dos desenvolvedores conseguir imaginar.
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