Mourão diz que, sem setor privado, será difícil preservar Amazônia
“O Conselho da Amazônia tem apoiado o desenvolvimento local e a preservação”, disse Mourão sobre a instituição que comanda e mencionando parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com o Banco da Amazônia. Segundo ele, os governos locais são os responsáveis pela preservação de florestas em seus territórios, mas o setor privado é bem-vindo a integrar a jornada. “Estamos olhando soluções tecnológicas para transformar a região e é crucial facilitar os fluxos financeiros para os locais.”
Apesar da pressão mundial em relação à preservação da Amazônia, Mourão criticou a falta de ampliação de financiamentos externos para a região, dizendo que os recursos atualmente estão abaixo das necessidades locais.
O desmatamento na área vem sendo observado por vários agentes econômicos e políticos internacionais de peso, como o presidente da França, Emmanuel Macron, que recentemente fez críticas ao governo Bolsonaro nessa área.
Mourão lembrou que o governo decidiu renegociar o Fundo Amazônico, criado em 2008, para financiar a preservação da floresta na parte brasileira. A medida se deu depois que este governo decidiu, no início do mandato, rejeitar recursos financeiros de países como Alemanha e Noruega.
Para o vice-presidente, é essencial que o país tire vantagem das ferramentas disponíveis hoje para obter produtos sustentáveis da Amazônia. “Nossos governos estão engajados em promover um ambiente atrativo para os negócios na Amazônia”, afirmou, logo após a fala do presidente da Colômbia, Ivan Duque, que também defendeu a aceleração da participação do setor privado no desenvolvimento da região.
Mourão acredita que há boas formas de combinar os esforços dos setores público e privado e citou a exploração do açaí como exemplo. “O açaí tem ajudado a população local a fazer parte da economia e se beneficiar”, disse. A participação do vice-presidente no evento de Davos se dá um dia depois que nove ex-ministros do Meio Ambiente pediram a europeus que ajudem no controle da pandemia na Amazônia.
No mesmo painel, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, enfatizou a importância da região amazônica no processo de recuperação econômica na América do Sul depois dos impactos trazidos pela pandemia. Ele disse estar trabalhando em conjunto com os governos do Brasil, da Colômbia e de outros países para fomentar a região. “Estamos trabalhando com nossos parceiros regionais.”
Também participam do evento o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano; o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo; o presidente do Itaú Unibanco, Candido Botelho Bracher; a vice-presidente executiva para Américas da Yara International, Chrystel Monthéan; a diretora de impacto da Salesforce, Suzanne DiBianca; a Co-Chefe de Soluções Baseadas na Natureza do Fórum Econômico Mundial, Nicole Schwab; a diretora da Agenda Regional para América Latina e membro do Comitê Executivo do Fórum, Marisol Argueta de Barillas; e a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Maria Alexandra Moreira López.
A segunda parte do debate sobre a Amazônia, no entanto, é fechada ao público e à imprensa e apenas há acesso para alguns participantes do Fórum.
Ministra destaca agritechs
Em outro painel do fórum, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que a transformação digital tem ocorrido muito rapidamente no Brasil e que o setor de agronegócios precisa estar inserido neste contexto de mudança. O País tem, segundo ela, um dos "mais vibrantes" ambientes de negócios, com mais de 2 mil agritechs - startups do agronegócio - e ampliado os investimentos nesta frente ao longo dos últimos anos.
"Os investimentos passaram de US$ 4 milhões em 2013 para mais de R$ 200 milhões em 2019. Temos mais de 2 mil agritechs trabalhando em diversas áreas, como rastreabilidade, e diversas tecnologias para entregar produtos mais sustentáveis e seguros", disse.
De acordo com ela, a atuação do agronegócio brasileiro está debruçada em diretrizes claras, com cinco eixos: sustentabilidade, inovação aberta, biotecnologia, agregação de valor e agricultura digital.
"Inovação é imprescindível para adequar a agropecuária à realidade global e é o único vetor capaz de conciliar segurança alimentar e preservação ambiental", afirmou.
Tereza Cristina participa de um painel virtual sobre a transformação de sistemas alimentares por meio da tecnologia e inovação. Ela dividiu a arena digital com representantes de organizações internacionais ligadas à alimentação, dos governos da Índia e da África do Sul e ainda de empresas privadas. / COLABOROU ALINE BRONZATI
Fonte: Estadão
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