Presidente do TRT8 ignora proposta da OAB e mantém implantação do PJe
No início do ato realizado hoje pela manhã, a OAB/PA foi convocada para uma reunião com o presidente do TRT8, desembargador Sérgio Rocha. Participaram da reunião o presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos, o secretário geral da Ordem, Jader Kahwage, o presidente da subseção da OAB em Marabá, Haroldo Gaia, e o presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado – Atep, André Serrão.
O “Dia do Basta” é um ato público realizado pela OAB em frente ao Fórum Trabalhista da Comarca de Marabá. Dezenas de advogados e presidentes de subseções da OAB protestaram contra a implantação irresponsável do Processo Judicial Eletrônico - PJe, que, segundo calendário do TRT8, iniciou hoje (25) nas Varas Trabalhistas de Marabá. Agentes de trânsito estiveram presentes para impedir que os advogados colocassem o carro som em frente à Justiça do Trabalho.
O ato foi reconvocado por causa da intransigência do Tribunal Superior do Trabalho – TST, que voltou atrás na decisão de convocar uma audiência de conciliação entre o Tribunal Regional do Trabalho 8ª Região - TRT8 e a OAB, de modo que as duas instituições discutissem e elaborassem um novo cronograma de implantação do PJe no interior do Pará. O presidente do TST e do Comitê Gestor do PJe na Justiça do Trabalho, ministro Antônio José de Barros Levenhagen, também resolveu não mais suspender a implantação do PJe nas Comarcas do interior do Pará.
Essas decisões foram comunicadas esta semana ao presidente da OAB-PA, Jarbas Vasconcelos, após a seccional desistir de ingressar com o PCA (Procedimento de Controle Administrativo) no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que solicitava a suspensão da implantação do PJe no interior do Pará e ainda cancelar o ato público que realizaria dia 21 deste mês.
Posição
O presidente Jarbas Vasconcelos afirmou estar triste com a posição da presidência do TRT 8. “Nós sempre fomos favoráveis ao PJe. Com a outra presidente do TRT, levamos um ano para implantarmos o sistema nas 17 varas. Assim, negociamos vara por vara para instalação do sistema em Belém, Castanhal e Ananindeua”, recordando o diálogo estabelecido anteriormente.
Da forma que será implantado o PJe em Marabá, diversos advogados serão prejudicados, necessitando que de bastante auxílio. “Em Belém mantivemos um ano a central de peticionamento eletrônico. Os colaboradores da Ordem começaram a adoecer, pois precisavam ajudar os advogados a qualquer hora”. Vasconcelos destacou que 3.600 certificados digitais foram distribuídos no início da implantação PJe. “Hoje, menos de 10% dos colegas aqui possui certificação digital e token, que expira em 3 anos”, alertou.
Jarbas ainda lamentou que o presidente do TRT 8 tenha dito que o cronograma montado será estendido a todas às Varas do trabalho do Pará. “Esse ato é iníquo com o povo do interior do estado. Ele não é só arbitrário e irresponsável”, questionando por que não se adia o PJe em Marabá. “Isso é preconceito, desrespeito com o poder sediado na capital, com o povo que está no interior. É colonizador, um deboche do presidente que não olha pras agruras do povo. Esse povo precisa ser respeitado. Vamos lutar contra isso”, assegurou o líder da advocacia paraense.
Capacitação
O presidente seccional afirmou que nem tudo está perdido e anunciou que serão oferecidos cursos de PJe na prática nos dias 10, 11 (tarde e noite – 120 advogados), e 12 de junho (manhã e tarde - 40 advogados), no Centro de Inclusão Digital (CDI) localizado na sede da CAA/PA. “Vamos trazer a certificadora, garantir máquinas, scanners e ainda pediremos que o PCA (Procedimento de Controle Administrativo) seja pautado no CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Devemos julgar esse pessoal e pedir a reconsideração em Marabá. O TRT 8 que implante quantas varas quiser, pois nós vamos protestar e recorrer, mas também lutar e preparar os advogados”.
O secretário geral da OAB/PA, Jader Kahwage, enfatizou que a Ordem não é contra o PJe, que “é uma conquista da sociedade desde que seja restabelecida a internet e a energia”. Ele pontuou que a pauta do PJe é longa e a prática é a pior possível. “Os processos interpostos hoje demoram pelo menos 60 dias para acontecer. Mas até lá, precisamos ir denunciando a indisponibilidade do sistema. Faça um print da página, narre os problemas, pois isso ajudar a provar e substanciar a nossa ação que já corre no CNJ. Aqui em Marabá não é possível adiar a implantação do PJe, mas não vamos nos calar”, orientou.
Para Haroldo Gaia, não houve prudência. “Pedi o adiamento por 30 dias e ele não aceitou. E isso estaria de acordo com a nossa realidade. Queremos um PJe responsável, que não limite o acesso do cidadão à justiça”. O presidente da subseccional de Marabá propôs que fossem contabilizados os problemas durante uma semana apenas e depois as duas instituições voltassem a conversar. “Essa é uma luta de toda a advocacia, e hoje vi um reverso e total falta de respeito a nós e ao cidadão”.
Moção
O deputado estadual Dirceu Ten Caten estava presente no ato e anunciou que irá protocolar uma moção de repúdio a esse ato arbitrário do TRT 8.
A OAB é favorável ao PJe
Em audiência em Brasília, na semana passada, com o presidente do Supremo Tribunal Federal e presidente Conselho Nacional de Justiça, ministro Ricardo Lewandowsk, o presidente Jarbas, juntamente com o secretário geral do Conselho Federal da OAB, Cláudio Pereira de Souza Neto, tratou sobre a luta contra o PJe no interior do estado do Pará.
Diante do ministro, o presidente da seccional paraense reconheceu que o PJe será um benefício para a advocacia e jurisdicionados, desde que seja garantida uma infraestrutura adequada para a funcionalidade do sistema, especialmente no interior do país. “Para expandir o PJe, é preciso assegurar internet banda larga nas regiões onde se pretende implantar o sistema.”, observou.
Diálogo
Após ser oficialmente comunicado sobre o cronograma de instalação do PJe no interior do estado, em abril deste ano, várias tentativas de diálogo foram feitas pelo presidente da Ordem, com o presidente do TRT8. Tendo frustradas todas as tentativas, a OAB buscou outros meios para tentar conseguir uma implantação mais organizada e responsável do sistema nas comarcas do interior do estado. Realizou ato público em frente à sede do TRT8, com a presença de mais de 300 advogados, entrou com o PCA, e foi à Brasília.
Dia 12 de maio, o líder da advocacia paraense teve audiência com conselheiro do CNJ, Rubens Curado, que é o relator do Procedimento de Controle Administrativo (PCA) no Conselho Nacional de Justiça, no qual solicita a suspensão do PJe no interior do estado. No dia seguinte, 13 de maio, teve audiência com o ministro Ricardo Lewandowski em Brasília. Nesse mesmo dia, Jarbas Vasconcelos reuniu com o ministro Corregedor-Geral do Tribunal Superior do Trabalho - TST, João Batista Brito Pereira. No dia 18, Vasconcelos voltou à Brasília e desta vez para reuniu com o presidente Tribunal Superior do Trabalho (TST), Antônio José de Barros Levenhagen.
Fonte: OAB - PARÁ
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